terça-feira, 5 de outubro de 2010

Thomas Kuhn e a ciência como prática


Thomas Kuhn (1922 - 1996)

Thomas Kuhn promove uma certa dessacralização da ciência. Ele demonstra, através da sua perspectiva historicista, que apesar de as pesquisas científicas terem por base a lógica e a racionalidade, elas também são regidas pela subjetividade. Segundo Kuhn, a crença em um paradigma – conceito que veremos logo adiante – não depende necessariamente da razão, mas sim da fé do pesquisador.

Kuhn traz uma nova concepção de paradigma, o qual pode ser interpretado como um modelo referencial, um conjunto de conhecimentos que já está estabelecido na comunidade científica. Entretanto, com o surgimento de novos fenômenos, alguns paradigmas não conseguem explicar ou responder aos questionamentos que tais fenômenos produzem, o que leva ao surgimento de uma anomalia e, consequentemente, à emergência de uma crise científica.

O paradigma inicial, antes de entrar em uma crise, encontrava-se na denominada ciência normal. Esta, a qual não objetiva trazer inovações, representa o estudo dentro do próprio paradigma, a fim de demonstrar cada vez mais a solidez do mesmo. Diante da aparição de uma crise, existem três possibilidades de solução: a ciência normal conseguiria solucionar a anomalia; o problema seria rotulado e encaminhado às gerações futuras, para que estas, com uma melhor aparelhagem, pudessem resolvê-lo; ou tal anomalia levaria ao surgimento de um novo paradigma, o qual não anularia necessariamente o anterior.



Com o surgimento de um novo paradigma, a ciência daria um salto, avançaria. Isto é, ocorreria uma revolução científica através da denomidada ciência extraordinária, a qual representa o tempo da emergência de novos paradigmas e a competição deles entre si. Tal competição tem como causa a escolha de qual paradigma possuirá o enfoque mais adequado, em relação a resolver as deficiências do paradigma anterior. Com o estabelecimento do novo paradigma, reiniciam-se os processos e o desenvolvimento científico se efetiva.

Kuhn demonstra que, muitas vezes, a escolha ou defesa de um paradigma baseiam-se em questões subjetivas, pessoais, mesmo que já exista um novo paradigma racionalmente mais eficiente que o anterior. O objetivo nem sempre é provar racionalmente a veracidade de um paradigma. Para o cientista decidir se é a favor ou contra a um paradigma, ele deve decidir se acredita nele ou não, se tem fé no mesmo ou não.

CICLO: Surgimento de um PARADIGMA à CIÊNCIA NORMAL à surgimento de anomalias à CRISE à CIÊNCIA EXTRAORDINÁRIA à REVOLUÇÃO CIENTÍFICA à Surgimento de um NOVO PARADIGMA





Analisando as obras de Kuhn, tem-se para a comunidade científica como principal: "A estrutura das revoluções científicas".


"Quase sempre os homens que fazem essas invenções fundamentais são muito jovens ou estão a pouco tempo na área de estudo cujo paradigma modificam" (KUHN)


O Ceticismo de Popper



Karl Popper

A aula o dia 22/09 teve como tema o ceticismo de Karl Popper que foi apresentado em um seminário por quatro alunos da disciplina. Inicialmente, o professor Naomar fez uma breve contextualização histórica acerca do tema abordado, o que nos auxiliou a entendermos da melhor forma possível o seminário que logo após foi apresentado pelos nossos colegas.

O seminário sobre o ceticismo de Karl Popper foi extremamente claro e nos fez perceber o papel importante atribuído a esse pensador tão pouco conhecido no Brasil. Popper era o único filósofo, daquela época, que se opunha ao empirismo clássico e ao observacionismo-indutivista da ciência, já que ele acreditava que a ciência era sempre provisória e passível de mutações. Dessa forma, Popper criou a Teoria do Falsificacionismo, na qual ele sustentava que uma teoria científica poderia ser falsificada por uma única observação negativa, contudo nenhuma quantidade de observações positivas poderia garantir a veracidade absoluta de uma teoria científica.

A contribuição de Popper foi completamente distinta das contribuições de outros filósofos/pensadores para a ciência. Este defendeu que não existe processo algum de indução pelo qual possam ser confirmadas as teorias científicas. Popper criticou aquilo a que chamou de “mito do observacionismo”, segundo o qual a observação pode ser fonte segura do conhecimento. No entanto, ele acreditava que por detrás da idéia de indução, encontra-se a convicção errada de que o “investigador” pode observar e experimentar a realidade sem pressupostos e sem preconceitos. Tanto na vida cotidiana como na ciência, a observação não constituí o primeiro passo para validar uma hipótese. É errado que o investigador parta de observações e a partir dessas comece a instituir regras/modelos/teorias.

O método científico, na realidade, acontece de outro modo em uma tentativa de provar a falsidade (e não a veracidade) das hipóteses de que parte, verificando até que ponto elas resistem a hipóteses contrárias. “Se alguém pensar no método científico como um meio para justificar resultados científicos, ficará decepcionado”. Um resultado científico não pode ser justificado, só pode ser criticado e testado. Nada pode ser dito em seu favor, apenas que depois de todas as críticas e testes, uma hipótese parece melhor, mais interessante, mais forte, mais promissora e constituí uma melhor aproximação da verdade do que as outras hipóteses anteriores.

Em seu livro "Conhecimento Objetivo: Uma abordagem evolucionista", Popper concede para a ciência e para a sociedade sua concepção de mundo divido em três, sendo representado da seguinte forma:


  • Mundo 1: Criação Material
  • Mundo 2: Sentimentos, mundo subjetivo
  • Mundo 3: Conhecimento, mundo objetivo


Apesar de Popper ter dividido o mundo em três mundos distintos, não significa que os mesmos não tenham uma relação de co-existência entre si. Exemplificando a nossa afirmação usaremos um simples exemplo: o livro. Apesar do livro ser fabricado, ou seja, pertencer ao mundo material, nele estão depositados conhecimentos do mundo 3 e também sentimentos do autor presentes no mundo 2.



A Lógica da Pesquisa Científica é considerada a principal obra de Popper, publicada em 1934 escrito em alemão, só se torna conhecido três anos depois, quando traduzido para o inglês.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Dialética



A Dialética corresponde a um método de obtenção do conhecimento através do diálogo. Mas a dialética não é somente isso, ela possui três elementos básicos que formam o método dialético: a tese, que é uma afirmação; a antítese, que é a oposição à tese; e a síntese, que é o resultado do conflito entre a tese e a antítese. Porém, sobre o termo dialética, existe diferentes significados para diferentes pensadores de doutrinas filosóficas distintas. É possível chegar  a uma concepção do que é dialética observando o que os principais filósofos falam sobre este assunto. Como: Platão, que acreditava que a dialética é um processo infinito pela busca da verdade. Konder (1987), "Aos poucos, passou a ser a arte de, no diálogo, demonstrar uma tese por meio de uma argumentação capaz de definir e distinguir claramente os conceitos envolvidos na discussão.";

A dialética é reflexo das mudanças das concepções e dos ideais de mundo de cada época, sofrendo complementos e modificações.




 Heráclito: Veio mudança através das suas quatro concepções a idéia de paralisia e estatização da sociedade.
I. Tudo existe em constante mudança;
II. O conflito é o pai e o rei de todas as coisas;
III. Vida ou morte, sono ou vigília, juventude ou velhice são realidades que se transformam umas nas outras;
IV. Um homem não toma banho duas vezes no mesmo rio.





Giambattista Vico (1680 - 1744)

Vico escreveu a obra "Princípios da ciência nova" que era alimentada por ideais compatíveis com o pai da filosofia moderna, que por sinal também já foi retratado neste blog, René Descartes.






Rousseau (1712 - 1778)

 Em suas ideias opõem-se a Robbin;
Suas ideias serviram de inspiração para os ideais da Revolução Francesa.

Rousseau acreditava que o Homem era bom, a Civilização era quem o corrompia, e o Estado por sinal também fazia parte da civilização.





Denis Diderot (1713 - 1784)

Comandava um grupo conhecido como Os Enciclopedistas.

Esse grupo passou anos coletando informações, para que juntas formassem a Enciclopédia, com o objetivo de coletar todo o conhecimento das ciências do mundo. 




Imannuel Kant (1724 - 1804) 

Professor universitário por opção, passa a vida realizando um só projeto, queria fazer a teoria do conhecimento do mundo todo.
Estudava curiosamente tudo: nas suas férias trabalhava como conferencista e realizava palestras para as familias nobres. A maioria desses cursos viraram livros e fragmentos de obras.
Obras importante: O QUE É O ILUMINISMO?
A CRITICA DA RAZÃO PURA - criticando assim o racionalismo de Descartes.


I. A consciência humana não se limita a registrar passivamente impressões provenientes do mundo exterior, é sempre consciência de um ser que interfere ativamente na sociedade.


Hegel (1770 - 1831)
Hegel segue a mesma linha de pensamento de Kant.
Relatos contam que ele era um grande fã de Napoleão Bonaparte, e que grandes vitórias de Napoleão eram ajudadas ou idealizadas por Hegel.

Idealizou a dialética do seguinte modo:
Dialética = Tese >> Antítese / Negação >> Síntese / Superação.

Relação da parte com o todo, sem modifica-la. E a síntese ou superação servindo para melhorar ou elevar o nível da tese, noção de progresso.



Karl Marx (1818 - 1883)
Aluno de Hegel, depois se torna ativista político.
I. Mudança e permanencia são categorias reflexivas, isto é, umas não pode ser pensada sem a outra.
II. Nas conexões íntimas que existem entre realidades diferentes, a contradição é essencial.
III. O conhecimento da realidade só é possivel encarando-a como uma totalidade aberta.




Engels (1820 - 1895)
Patrono de Marx, organizava seus escritos.
Escreveu o primeiro livro de epidemiologia social.

Engels e as leis gerais da dialética:
I. lei da passagem da quantidade para a qualidade
II. lei da interpenetração dos contrários
III. lei da negação da negação.




Georg Lukaís ( 1885 - 1971)

1. A dialética permite enxergar, por trás da aparência das coisas, os processos e interrelações que compõem a realidade.

2. Somente o ponto de vista da totalidade permite que se veja no real um "jorrar interupto de novidade qualitativa."





Antonio Gramsci (1891 - 1937)

Fazia parte do grupo de Intelectuais Organicos -  grupos que pensavam pela causa.

1. O marxismo é um "historicismo absoluto".
 -> Fazer a mudança com que quer. Fazer alianças.





POR FIM,

  • Descartes, determinismo, disciplinaridade = TESE
  • Pascal, indeterminação, não-disciplinar = CONTRADIÇÃO
  • Hegel/Marx, dialética, totalidade = SUPERAÇÃO.


"Fazer e assim fazendo, fazer-se" (Sartre)





Esperamos que tenham gostado, e esperem que a próxima postagem será: O ceticismo de Popper!
Até a próxima!







domingo, 19 de setembro de 2010

Resumo Geral das Aulas: DESCARTES x PASCAL

Aula Geral de acordo com a temática do módulo I - Bases teoricas, um paralelo entre os filósofos René Descartes e Blaise Pascal.

René Descartes





Descartes (1596 – 1650)

  René Descartes, nasceu na França, e desenvolveu seus trabalhos principalmente no campo da filosofia, da física e da matemática. Na matemática foi importante por gerar a geometria analítica e os sistemas de coordenadas. Mas seu trabalho mais notável foi no campo da filosofia, pois desenvolveu o pensamento cientifico cartesiano, baseado no racionalismo puro, fato que lhe rendeu o título do “pai” da filosofia moderna. A famosa frase: “Penso, logo existo” de autoria de Descarte, explicita muito bem esse pensamento racionalista. A principal obra de Descartes foi O Discurso do Método, onde ele ordena o pensamento humano em regras, obtendo um método, contribuindo muito para o pensamento epistemológico.

A aula teve como embasamento o filme "Cartesius" de Roberto Rosselini (1992) que trata a vida e obra de Descartes, abaixo um link com um trecho do filme que pode ser visto com fragmentos no site do Youtube:


Blaise Pascal

Pascal (1623 – 1662)

   Blaise Pascal, nasceu na França, foi um físico, matemático, filósofo moralista e teólogo. Na matemática, contribuiu para a Geometria Projetiva e a Teoria das probabilidades, e desenvolveu a primeira maquina de calcular. Já no campo da física foi importante por desenvolver conceitos sobre a pressão e o vácuo. A religião é um ponto bem característico da vida de Pascal, em 1646, ele se converteu ao Jansenismo, e foi a partir de 1654 que ele se dedicou principalmente à filosofia e a teologia, período que escreveu varias obras de teor religioso. Dentre essas obras podemos destacar Les Provinciales, que possui um grande teor religioso. É o autor da famosa frase: “O coração tem razões que a própria razão desconhece”, que revela o seu pensamento de que nem tudo pode ser explicado, se opondo ao pensamento proposto por Descartes, de que é possível se explicar tudo a traves de um método, para isso Pascal evidencia que é impossível se explicar tudo porque para isso ocorrer é necessário uma infinidades de métodos

A temática dessa aula, assim como a de Descartes foi baseada em um filme, "Blase Pascal", também do diretor Rosselini, que foi transmitida na televisão italiana em 1992. Fragmentos do filme também são encontrados no Youtube e segue abaixo um link com o trecho do mesmo para que assim possa alimentar a vontade dos leitores desse blog em conhecer mais profundamente, assim como nós, a vida desse grande filosofo:




Esperamos que gostem das aulas, e assim como nós sintam-se cada vez mais interessados nas postagens, no andamento do blog e nas descobertas que esse blog pode oferecer. Comentários e sugestões são sem bem-vindos!
Até o próximo post com um estudo mais aprofundado da Dialética.